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Modelo Pin-up: Bettie Page, a rainha das pin-ups

Betty Mae Page (22 de abril de 1923 a 11 de dezembro de 2008), conhecida como Bettie Page, foi uma modelo pin-up norte americana, que ganhou notoriedade nos anos 1950 por suas fotos pin-up Comumente conhecida como “Rainha das Pin-ups“, com seus cabelos pretos longos, olhos azuis e franja, que posteriormente tornaram-se sua marca registrada.

Nascida em Nashville, no estado do Tennessee, nos EUA, Bettie viveu na California por um tempo até mudar a New York para tentar a vida como atriz. Lá, achou trabalhos como modelo pin-up, posando para inúmeros fotógrafos nos anos 1950.

Infância e primeiros anos

Com uma história de infância difícil, enfrentando desde cedo dilemas como divórcio dos pais, abuso sexual do pai e prisão do mesmo, ela e suas irmãs tinham como forma de entretenimento tentavam nelas mesmas diferentes estilos de maquiagem e penteados, inspirados por estrelas do cinema da época. Seu conhecimento na área da beleza, assim como a costura, foram essenciais para que ela fizesse seus próprios figurinos, penteados e maquiagem para os ensaios fotográficos.

Considerada uma boa aluna na escola, Bettie se formou com as melhores notas. Na faculdade, tinha a intenção de se tornar professora, mas acabou mudando seu curso para Artes Cênicas, desejando tornar realidade o sonho de ser uma atriz do cinema. Bettie graduou-se pela faculdade George Peabody College como Bacharel em Artes em 1944.

Bettie chegou a casar uma vez, com William E. “Billy” Neal, em 1943 antes dele ser chamado pelo exército involuntariamente na Segunda Guerra Mundial. Com a esperança de continuar o casamento, eles mudaram para diversas cidades dos EUA, e até Porto Príncipe, no Haiti. Se divorciaram em 1947.

Em 1947, Bettie mudou-se para New York, procurando trabalhos como atriz. Nos primeiros anos de sua jornada, enfrentou assédios na função de secretária nos anos seguintes.

Começo da carreira de modelo pin-up e bondage

Já anos anos 1950, enquanto estava andando pela baía de Coney Island, Bettie conheceu o policial Jerry Tibbs, que era também era fotógrafo. Ele sugeriu que ela daria uma ótima modelo pin-up, e em troca de fotografá-la, ele faria de graça seu primeiro portfolio pin-up. A ideia de manter a franja na frente da testa era para evitar que a luz refletisse na mesma, e acabou tornando-se então sua marca registrada.

Os “camera clubs” no final dos anos 1940 existiam de forma ilegal, já que era considerados como um modo de pornografia. Bettie foi classificada então como parte da “glamour photography”, trabalhando com o fotógrafo Cass Carr. Sua espontaneidade e falta de vergonha ao posar a fez ficar famosa imediatamente, tornando-se conhecida dentro da indústria fotográfica erótica. Em 1951, ela apareceu em revistas como Wink, Titter, Eyefull e Beauty Parade.

De 1951 a 1957, ela posou para o fotógrafo Irving Klaw, a pedidos de clientes com temas pin-up e BDSM, tornando-a a primeira modelo bondage famosa. Pedidos como estar de lingerie com saltos altos, em poses fetichistas, de dominação, escravidão e com figurinos de látex eram muito comuns. Bettie desempenhava o papel entre a dominadora e a vítima de mãos e pés atados.

“Eles insistem em me referir nas revistas e jornais e em todos os outros lugares como a “Rainha do Bondage”. A única vez que fiz “bondage (escravidão)” que fiz foi para Irving Klaw e sua irmã Paula. Normalmente, todos os sábados, ele realizava uma sessão de quatro ou cinco horas com quatro ou cinco modelos e alguns fotógrafos extras.
Para receber o pagamento, era necessário fazer uma hora de “escravidão”. E essa foi a única razão pela qual fiz isso. Eu nunca tive nenhuma ideia de ir para esse lado bondage. Não desaprovo; mas acho que você pode fazer o que quiser, desde que não machuque mais ninguém – essa é a minha filosofia desde que eu era uma garotinha. De fato, costumávamos rir de alguns dos pedidos enviados pelo correio, inclusive de juízes e advogados, médicos e pessoas em altos cargos. Mesmo nos anos 50, eles usavam chicotes, gravatas e tudo mais”– disse Bettie Page

Em 1953, ainda com o desejo de ser uma atriz do cinema, fez cursos de atuação na ONG Herbert Berghof Studio, que a levou a vários papeis nos palcos e televisão. Bettie atuou e dançou no filme burlesco Striporama, assim como Teaserama e Varietease. Suas danças exóticas foram acompanhadas as artistas Lili St. Cyr e Tempest Storm. Os três filmes eram ,mildly risqué, termo usado para referir poses e danças sexuais de uma maneira mais branda.

Striporama (1953)

Varietease (1954)

Teaserama (1955)

Em 1954, durante suas férias anuais para Miami, no estado da Florida, Bettie encontrou os fotógrafos Jan Caldwell, H. W. Hannau e Bunny Yeager.

No momento, ela era a modelo mais famosa de New York. Bunny Yeager, uma fotógrafa aspirante, chamou Bettie para um ensaio em um zoológico da cidade de Boca Raton, na Florida. O auto-entitulado ensaio Jungle Bettieé um dos mais aclamados de sua carreira, estando entre dois guepardos e com figurino combinando com os animais.

Com a repercussão do ensaio com Yeager, e a carreira decolando como modelo, virou “Miss Janeiro 1955” em uma das primeiras edições das Playmates of the Month (ou Garota da Playboy do Mês, em uma tradução literal) para a revista Playboy. Hugh Hefner disse à imprensa uma vez sobre a modelo:

“Acho que ela era uma mulher notável, uma figura icônica da cultura pop que influenciou a sexualidade, o gosto da moda, alguém que teve um tremendo impacto em nossa sociedade” – Hugh Hefner, dono da Playboy

A famosa foto de Bettie usando apenas um chapéu de Papai Noel, brincando ajoelhada à uma árvore de Natal, ganhou enorme repercussão. No mesmo ano de 1955, Bettie ganhou o título de “Miss Pinup Girl of the World”, “The Queen of Curves” e “The Dark Angel” (ou “Miss Garota Pin-up do Mundo”, “A Rainha das Curvas” e “O Anjo Negro”, em sua tradução literal).

Legado e fim da vida

Enquanto modelos pin-up frequentemente tinham carreiras de alguns meses, Bettie continuou posando por anos, até declarar sua aposentadoria em 1957. Por mais que tenha posado nua, ela nunca apareceu em cenas com conteúdo explícito. No mesmo ano, Page deu “orientação especializada” ao FBI em relação à produção de “imagens de flagelação e escravidão”, em um caso no bairro do Harlem em que acharam itens BDSM em uma casa suspeita.

O fotógrafo Sam Menning foi a última pessoa a fotografar a modelo pin-up antes de declarar sua aposentadoria das lentes. Veja abaixo algumas fotos.

Em 1959, converteu-se à igreja evangélica, estudando a bíblia e trabalhando em diversas cidades com intenção de virar uma missionária. O fim de sua vida pode ser considerada dolorosa, com episódios de depressão, bipolaridade, internações em hospitais psiquiátricos, crimes, prisões e por sofrer de equizofrenia paranoide. Após anos nesta condição, nos anos 1980, graças a um revival da cultura anos 1950 através do rockabilly, ela viu sua popularidade crescer.

Em 1972, ela foi presa por tentar invadir a casa de seu atual companheiro Harry Lear, mas em decorrência de seu estado mental e fanatismo religioso, foi solta por alegação de insanidade mental. Por um longo período ficou sendo observada dentro de um hospital psiquiátrico, já que era uma pessoa considerada violenta e instável. Ela saiu dos hospitais psiquiátricos em 1992.

De acordo com seu amigo de longa data, o empresário Mark Roesler, Bettie foi hospitalizada em estado crítico, em 6 de dezembro de 2008 e veio a falecer dias depois, devido a um ataque cardíaco, em decorrência de uma pneumonia. A família resolveu desligar os aparelhos que permitiam-na respirar mecanicamente, morrendo em 11 de dezembro de 2008, com 85 anos.

Em seu legado, Bettie Page comumente é inspiração para a moda, cinema, histórias em quadrinhos, literatura, séries de TV, video games, músicas e até na astronomia, tendo um planeta com seu nome.

Biografias

Você pode acompanhar mais da história da modelo pin-up nos documentários:

  • Bettie Page: Dark Angel (2004)
  • The Notorious Bettie Page (2005)
  • Bettie Page Reveals All (2012), o mais interessante de todos, em que é narrado pela própria modelo. O mesmo levou prêmios e foi lançado mundialmente.

Curiosidade 1:

O sapato que também foi confeccionado especialmente para um dos ensaios fotográficos com o fotógrafo Irvin Klaw e usado por Bettie Page, foi leiloado e hoje está em posse da artista Dita Von Teese, que orgulhosamente mostra sua coleção a uma visita à sua casa em 2020.

Curiosidade 2:

Sua irmã Goldie também era ótima na arte do “faça você mesmo” (popularmente chamado DIY). Um dos sobrinhos de Bettie revelou em 1977 fotos que foram pintadas à mão por sua irmã Goldie Page com tintura à óleo colorida, técnica antiga comumente usada para as fotos em preto e branco. Mais tarde tornou-se sua profissão, ensinando outras pessoas sua paixão. Abaixo temos uma foto colorida por sua irmã, Goldie Page, junto com a modelo pin-up Bettie Page.

Fontes:

http://www.thesmokinggun.com/documents/crime/bettie-page-fbi-consultant

https://en.wikipedia.org/wiki/Bettie_Page

https://www.dailymail.co.uk/news/article-6484031/The-lost-years-legendary-Playboy-Playmate-Bettie-Page-revealed-unseen-photos-letters.html

https://time.com/119243/who-was-bunny-yeager/

https://www.dailymail.co.uk/news/article-6484031/The-lost-years-legendary-Playboy-Playmate-Bettie-Page-revealed-unseen-photos-letters.html

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